terça-feira, 23 de agosto de 2016

Cadáver Vivo”: síndrome raríssima faz paciente acreditar que está morto


”Cadáver Vivo”: síndrome raríssima faz paciente acreditar que está morto
 Você já ouviu falar da sindrome que faz com que as pessoas acham que são zumbis? Conhecida como “Síndrome de Cotard” ou “Cadáver Ambulante“, trata-se de uma raríssima patologia neuropsiquiátrica na qual a pessoa acredita estar morta e putrefata, ou que parte de seus órgãos não esteja funcionando, podendo sentir até mesmo o cheiro do próprio corpo em decomposição e vermes rastejando sobre ele.
Os portadores do distúrbio vivem em uma realidade distorcida, acreditando estarem mortos. Há pacientes que duvidam de sua própria existência, chegando a pensar estarem perdendo sangue e órgãos internos. Trata-se de uma doença que atrapalha a intuição mais básica do ser humano: a percepção de consciência.
Em um caso relatado pela BBC, um paciente chamado de Martin (nome completo e imagem não divulgados para preservar a imagem), diagnosticado com a condição, é tratado pelo neuropsicólogo clínico, Dr. Paul Brooks, que estuda a relação entre mente, corpo e comportamento. Durante uma sessão, o médico pergunta ao paciente como está se sentindo, e ele responde estar sentindo-se morto.

PENSO LOGO EXISTO

Não sinto nada. Nada disso é real”, ele diz quando o médico questiona sua sensação. “Meu cérebro apodreceu, nada mais resta em mim. É hora de me enterrar”. fato de acreditar já estar morto, ter apodrecido, ou estar apodrecendo, demonstra que o paciente está em um estado depressivo do pensamento.
Segundo o neuropsicólogo, todos nós temos um forte sentimento de identidade, que é representado pela pessoa que vive por trás de nossos olhos e nos faz sentir vivos. A mente de Martin não funciona da mesma forma e isso fica mais estranho se nos lembrarmos da famosa frase do filósofo René Descartes: “Penso, logo existo”.
Descartes dizia que era possível que nosso corpo e cérebro fossem ilusões, mas que não era possível duvidar de que temos uma mente e de que existimos, pois se estamos pensando, existimos“, disse Dr. Brooks. Basicamente, pessoas com Síndrome de Cotard não conseguem entender o “eu”.

De acordo com o especialista Adam Zeman, da Universidade de Exeter, Reino Unido, o “eu” pode estar representado em diversas regiões de nosso cérebro. “Creio que está representado inúmeras vezes. Está em todas as partes e em nenhuma“, explicou à BBC.
Para ele, essas representações estão no “eu” físico – associado ao corpo -, no “eu” como sujeito de experiências e no “eu” como uma entidade capaz de se mover através do tempo e espaço. “Estamos conscientes de nosso passado e podemos projetar nosso futuro. Então, temos o ‘eu’ corporal, o ‘eu’ subjetivo e o ‘eu’ temporal”, explicou.
Zeman ainda analisou o cérebro de um paciente com o distúrbio para observar como ele se comportava. Testes de ressonância mostraram que o indivíduo apresentava baixa atividade em áreas do cérebro associadas ao “eu” de experiências. Tal atividade anormal era semelhante à de pessoas que estavam anestesiadas ou dormindo – o que indica que o paciente, de fato, estaria mentalmente “morto”.
Ainda não se conhecem exatamente as causas da síndrome, mas ela já foi tratada com ajuda de medicamentos combinados com terapia eletroconvulsiva. O primeiro caso registrado foi de uma mulher que negava a existência de algumas partes de seu corpo, bem como a necessidade de comer, o que causou sua morte por inanição, segundo informações da BBC.

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